COVID-19: Kalil fecha comércio de BH para conter transmissão
Taxa de ocupação dos
leitos de UTI para pacientes com COVID-19 bateu novo recorde em Belo Horizonte
nessa terça-feira
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou na tarde desta
quarta-feira (6/1) que o comércio não essencial da cidade volta a fechar a
partir da segunda-feira (11/1) devido ao aumento dos casos da COVID-19.
Momentos depois do informe do Executivo municipal, o prefeito Alexandre Kalil
(PSD) se manifestou nas redes sociais.
O prefeito disse que Belo Horizonte chegou no
"limite" da COVID-19 e que tentou manter a cidade aberta com os
serviços não essenciais. No entanto, os números acabaram subindo, chegando a
índices alarmantes. Um decreto será publicado na sexta-feira (08/01), no Diário
Oficial do Município (DOM), oficializando o fechamento do comércio não
essencial.
"Eu vim aqui hoje para falar para a população de Belo
Horizonte que nós chegamos no limite da COVID-19. Nós avisamos, nós tentamos
avisar. Tentamos manter mais quase 10 dias a cidade aberta, quando os números
eram perigosos, mas nós tínhamos, pelo menos, uma expectativa de
responsabilidade", disse o prefeito.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com
COVID-19 bateu novo recorde em Belo Horizonte nessa terça-feira (5/1): 83,5%.
Este é o segundo dia consecutivo que o indicador bateu recorde, tendo
registrado 80,5% no boletim epidemiológico e assistencial anterior, divulgado
na segunda-feira (4/1).
Para efeito de comparação, o percentual de uso na terapia intensiva era de 44% no início de dezembro.
Contudo, vale lembrar que a prefeitura alterou o critério de
avaliação no último dia 18. Em vez de considerar a oferta em potencial, o
Executivo municipal passou a colocar na conta apenas os leitos que realmente
estavam à disposição da população.
Isso aconteceu à época porque muitos dos leitos que eram
considerados no balanço não poderiam voltar à ativa pela falta de pessoal
(enfermeiros, técnicos em enfermagem e médicos) para mantê-los em operação.
Kalil disse que abriu 46 leitos de terapia intensiva nas
últimas 24 horas. No entanto, a propagação da doença, sobretudo os casos
importados, preocupam a prefeitura.
"São números impressionantes. Houve uma importação da
doença surpreendente, porque temos casos, hoje, em hospitais particulares de BH
de uma família inteira e famílias inteiras, que passaram o Natal juntos,
infectados e internados."
Ainda no boletim desta terça, a prefeitura informa que BH
bateu a marca de 1,9 mil mortes. São 65.141 casos confirmados: 3.406 em
acompanhamento, 59.834 já curados e 1.901 óbitos.
Nesse balanço, a prefeitura adicionou novos 611 casos e mais
seis vidas perdidas para a infecção.
Outros dois indicadores fundamentais para a tomada de
decisão do Executivo municipal, o número médio de transmissão por infectado e a
taxa de ocupação das enfermarias também registraram alta.
O fator RT saiu de 1,06 para 1,07 e se manteve na zona de
alerta, entre 1 e 1,2. Já o percentual de uso dos leitos clínicos subiu de
64,4% para 67,3% e também está na fase intermediária, entre 50% e 69%.
Veja, na íntegra, a declaração de Kalil
"Eu vim aqui hoje para falar para a população de Belo
Horizonte que nós chegamos no limite da COVID-19. Nós avisamos, nós tentamos
avisar.
Tentamos manter mais quase 10 dias a cidade aberta, quando
os números eram perigosos, mas nós tínhamos, pelo menos, uma expectativa de
responsabilidade - e não querendo tirar a responsabilidade da prefeitura, que
só de ontem para hoje abriu mais 46 leitos de UTI.
Então nós chegamos nos três velocímetros no vermelho. Então
se alguém está se perguntando porque estou avisando hoje, é porque eu comecei a
ter que se preparar, porque sexta-feira nós estamos soltando um decreto
voltando a cidade à estaca zero.
São números impressionantes. Houve uma importação da doença
surpreendente, porque temos casos, hoje, em hospitais particulares de BH de uma
família inteira e famílias inteiras, que passaram o Natal juntos, infectados e
internados.
Nada mais triste para mim do que ter que vir aqui falar
hoje. Eu já disse e repito, com muita tristeza, que nós estamos chegando na
praia. A vacina está chegando. Estamos preparados para vacinar, temos estrutura
para vacinar, temos agulha para vacinar, está chegando, estamos na bica de
acabar com isso, mas parece que ninguém está entendendo a gravidade dessa
doença.
Vim comunicar hoje - por isso pus a data aqui, para que todo
mundo saiba o dia que estou comunicando - que sexta-feira, e isso não é porque
nós queremos alarmar a cidade, não. É porque é um direito do comerciante, dos
proprietários que possuem loja em shopping, de tudo o que estava aberto, que
sexta-feira o decreto vai ser publicado e segunda-feira a cidade está fechada.
Eu, mais uma vez, peço desculpas, mas não tive outra
alternativa. Não vamos fazer de BH um pandemônio, porque nós estamos a dias da
vacina e do fim dessa tragédia. Repito: me desculpem, mas governar não é
agradar. Governar é governar.
Fui orientado, tivemos uma longa reunião hoje e determinamos
que a partir de segunda-feira, com exceção das praças públicas e do zoológico
agendado, estará com serviços essenciais abertos e com todo o resto
fechado."